Princípio Estoico #8: Percepção é chave

“Não são eventos que incomodam as pessoas, são seus julgamentos a respeito deles.”  Manual de Epicteto [5]

O que é percepção?

É como vemos e entendemos o que acontece ao nosso redor e o que decidimos que esses eventos significam. Nossas percepções podem ser como uma bola de chumbo acorrentada aos nossos pés, nos segurando e nos deixando fracos, ou podem ser uma grande fonte de força.

O que nós já aprendemos com os estoicos é que eles vêem eventos externos não como bons ou ruins, mas como indiferentes. Então não são esses eventos, porque eles são indiferentes, mas o seu próprio julgamento deles eventos é que importa.

“Se você está sofrendo por qualquer coisa externa, não é isso que te perturba, mas seu próprio julgamento sobre isso. E está em seu poder acabar com esse julgamento agora” (Meditações de Marco Aurélio)

Isso faz com que você seja responsável por sua vida. Você não controla eventos externos, mas controla como escolhe vê-los e responder a eles. E, no final, isso é tudo que importa.

“Lembre-se de que os infortúnios só podem ser previstos para o seu corpo ou sua propriedade, mas sua mente está sempre disponível para transformá-los em boa sorte, respondendo com virtude.”Manual de Epicteto

Você sempre pode responder com virtude.  Os estoicos tinham essa idéia de que você pode transformar todos os obstáculos em uma oportunidade. Marco Aurélio descreveu assim:

“O impedimento à ação promove a ação. O que fica no caminho se torna o caminho.” (Meditações de Marco Aurélio)

A chave para reconhecer essas oportunidades está na sua percepção. Como você vê as coisas é muito mais importante do que as próprias coisas. Você pode achar o bem em tudo. O estoicismo nos ensina a considerar tudo como uma oportunidade de crescimento.


 

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“indiferentes preferidos”

De todos os conceitos da filosofia estóica, “indiferente” é o que causa mais confusão e dúvida. Marco Aurélio, Sêneca e Epiteto cada um nos diz que o estoico é indiferente às coisas externas, indiferente à riqueza, indiferente à dor, indiferente ao lucro, indiferente à esperança, sonhos e tudo mais. A primeira vista começa a parecer que um estoico não se importa com nada. Mas isso é uma interpretação enganosa.

O entendimento correto é outro. Devemos saber valorizar e aproveitar as coisas boas, porém sempre entendendo que coisas não importam. Sêneca, dizia que é melhor ser rico do que pobre, alto do que baixo, saudável do que doente. Mas essas coisas não são fundamentais. São “indiferentes preferidos“. O ponto é ser forte o suficiente para que não haja necessidade de precisar de coisas em uma direção particular. Devemos ser indiferentes quanto as cartas que o destino nos dá .

Os estoicos diferenciam coisas como “boas“, “más” e “indiferentes“.

As coisas boas incluem as virtudes cardeais sabedoria, justiça, coragem e autodisciplina. As coisas ruins incluem os opostos dessas virtudes, a saber, os quatro vício: ignorância, injustiça, covardia e indulgência.

As coisas indiferentes incluem todo o resto. Estão externas.

Agora, o que mais impressiona é o fato de que as coisas tidas como indiferentes pelo estoicismo são exatamente o que as pessoas hoje em dia julgam como boas ou más. No entanto, essas coisas indiferentes não ajudam nem prejudicam nosso desenvolvimento. Elas não desempenham um papel necessário à Vida Feliz.

Temos a capacidade de sermos bons e felizes de qualquer maneira, em qualquer circunstância.

Pensamento do Dia #14: Sobre a necessidade de um modelo de vida.

Podemos nos livrar da maioria dos pecados, se tivermos uma testemunha que esteja perto de nós quando estivermos propensos a fazer algo errado. A alma deve ter alguém a quem possa respeitar. Feliz é o homem que pode fazer os outros melhores, não apenas quando ele está em sua companhia, mas mesmo quando ele está em seus pensamentos! E feliz também é aquele que pode assim reverenciar um homem! Aquele que pode reverenciar a outro, logo se tornará digno de reverência.

Escolha, portanto, um mestre cuja vida, discurso e expressão o tenha satisfeito; imagine-o sempre para si mesmo como seu protetor ou seu exemplo. Pois precisamos ter alguém segundo o qual podemos ajustar nossas características; você nunca pode endireitar o que é torto a menos que você use uma régua.

(SênecaCarta 11. Sobre o rubor da modéstia  – imagem: Morte de Catão por Pierre Bouillon ). Catão representa o homem ideal a ser seguido de acordo com Sêneca)