Resenha: Meditações, Livro III

No Livro III o foco está nos conceitos de Vida, Morte e Divindade.  Devemos fazer o certo não nos importar com riqueza, fama e opinião dos outros

“Hipócrates, depois de curar muitas doenças, ele próprio adoeceu e morreu… Alexandre e Pompeu, e Caio César, depois de tantas vezes destruírem completamente cidades inteiras,  eles também finalmente se retiraram da vida… Você embarcou, fez a viagem, veio à praia; saia. Se de fato há outra vida, não há falta de deuses, nem mesmo ali; mas se a um estado sem sensação, você deixará de ser dominado por dores e prazeres, e de ser um escravo do corpo, que é tão inferior quanto aquele que o serve é superior.” (III,3)

Marco Aurélio, assim como Epiteto, muitas vezes se refere a deuses, e contempla a possibilidade de que não há nenhum, que morremos e entramos em um estado “sem sensação”. E, no entanto, isso não muda as coisas na perspectiva estoica:

“Se você trabalhar naquilo que está diante de você, seguindo a razão correta com seriedade, vigor, calma, sem permitir que nada mais o distraia, mas mantendo sua alma pura, como se você fosse obrigado a devolvê-la imediatamente; se você não esperasse nada, nada temendo, mas satisfeito com sua atividade atual, segundo a natureza, e com a verdade absoluta em cada palavra e som que você proferir, você vai viver feliz. E não há nenhum homem que seja capaz de impedir isso.” (III,12)

Perto do final do Livro III vem outra citação popular:

“Curto é, pois, o tempo que cada homem vive; e pequeno é o canto da terra onde vive; e curta é também a mais longa fama póstuma, e mesmo isto só continuado por uma sucessão de humanos, que morrerão muito cedo, e que não conhecem sequer a si mesmos, e menos ainda aquele que morreu há muito tempo.” (III,10)

Ou seja, ele nos lembra, de uma perspectiva mais ampla: que a busca por riqueza e fama é ridícula e sem sentido. Marco Aurélio então nos lembra (bem, a si  mesmo, já que as meditações eram seu diário pessoal) de nunca comprometer o bem comum e o que é certo para obter elogios dos outros, poder ou prazer. Segundo ele, não devemos desejar “precisar de muros e cortinas:“, ou seja, desejar qualquer coisa de que nos envergonhemos em público.

“Então, o dever de um homem é permanecer em pé, não ser mantido em pé pelos outros.” (III,5)


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Resenha: Meditações, Livros I e II

Nos próximos dias farei uma série de posts comentando as Meditações de Marco Aurélio.

É provavelmente o clássico estoico mais lido de todos. Como é sabido, foi escrito como um diário pessoal do imperador romano e, portanto, não foi escrito para publicação. Isso explica a estranha estrutura, bem como o estilo.

Hoje começamos com os dois primeiros livros.

Livro I

O primeiro livro das Meditações é essencialmente uma lista de pessoas a quem Marcos agradece, cada uma acompanhada de uma explicação sobre o motivo de sua gratidão. É, naturalmente, uma lista esclarecedora. Termina por agradecer aos deuses (ou Fortuna) por lhe terem dado muitas coisas boas em sua vida, incluindo bons pais, bons professores e bons amigos.

A impressão geral que se tem do Livro I é de um homem humilde, apesar de sua posição muito poderosa, alguém que está pronto para aprender e tenta seriamente fazer o seu melhor na vida para melhorar a si mesmo e ajudar os outros.

Livro II

O segundo livro começa com uma de suas passagens mais citadas:

“Comece a manhã dizendo a si mesmo, eu me encontrarei com o intrometido, o ingrato, arrogante, enganador, invejoso, anti-social. Tudo isso acontece com eles por causa de sua ignorância do que é bom e mau.” (II,1)

Outra preciosidade vem no parágrafo 8, onde ele diz: “O fracasso em observar o que está na mente de outro raramente fez um homem infeliz; mas aqueles que não observam os movimentos de suas próprias mentes devem ser necessariamente infelizes.”

Mais ao final, parágrafo 11, Marco Aurélio reafirma a doutrina estoica sobre as coisas indiferentes:

“a morte, e a vida, a honra e a desonra, a dor e o prazer, todas essas coisas acontecem igualmente aos homens bons e maus, sendo coisas que não nos tornam nem melhores nem piores. Portanto, não são nem boas nem ruins.” (II,11)

Conclui com sua definição de filosofia, que ele diz ser o único guia para os homens:

“consiste em manter o daemon dentro de um homem livre de violência e ileso, superior às dores e prazeres, não fazendo nada sem um propósito, nem ainda falsamente e com hipocrisia, não sentindo a necessidade de outro homem fazer ou não fazer nada; e além disso, aceitando tudo o que acontece, e, finalmente, esperando a morte com uma mente alegre”

 


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