Carta 49: Sobre a brevidade da vida

A carta 49 discute um tema muito relevante para Sêneca, abordado a fundo no livro “Sobre a brevidade da vida“. Nesta carta temos a principal ideia, ou seja, que a vida não é curta, mas as pessoas fazem mal proveito dela:

“fico com mais raiva que alguns homens reivindiquem a maior parte deste tempo para coisas supérfluas, tempo que, por mais cuidadoso que sejamos, não é suficiente até mesmo para as coisas necessárias.” (XLIX, 5)

“o bem na vida não depende do comprimento da vida, mas do uso que fazemos dela; também, é possível, ou mais comum, que um homem que tenha vivido muito tempo tenha vivido muito pouco. “(XLIX, 10)

Sêneca aborda também a técnica estoica de “premeditatio malorum“, a premeditação da adversidade, que é útil para “vacinar” nossas mentes contra infortúnios, trazendo satisfação com o que já temos e nos preparando para adversidades futuras:

Diga-me quando eu me deitar para dormir: “Você pode não acordar de novo!” E quando eu acordar: “Você não pode ir dormir de novo!” Diga-me quando sair de minha casa: “Não vai voltar!” E quando eu retornar: “Você nunca poderá sair novamente!” (XLIX, 10)

Conclui a carta com uma frase marcante:

“No nosso nascimento, a natureza nos tornou ensináveis, e nos deu razão, não perfeita, mas capaz de ser aperfeiçoada.”(XLIX, 11)

E cita  um trecho de As Fenícias de Eurípides:

“A linguagem da verdade é simples.”(XLIX, 12)


XLIX. Sobre a brevidade da vida

Saudações de Sêneca a Lucílio.

    1. Um homem é de fato preguiçoso e descuidado, meu caro Lucílio, se ele se lembrar de um amigo só por ver alguma paisagem que desperta a memória; e ainda há momentos em que os velhos assombramentos familiares despertam uma sensação de perda que foi guardada na alma, não trazendo de volta memórias mortas, mas despertando-as de seu estado adormecido, assim como a visão do escravo favorito de um amigo perdido, ou o seu manto, ou a sua casa, renova o sofrimento da pessoa em luto, mesmo que suavizado pelo tempo. Agora, eis que Campânia, e especialmente Nápoles e sua amada Pompéia[1], me atingiram, quando as vi, com um maravilhoso e renovado sentimento de saudades de você. Você está em plena visão diante dos meus olhos. Estou a ponto de me separar de você. Eu vejo você sufocar suas lágrimas e resistir sem sucesso as emoções que bem no exato momento que tenta as controlar. Parece que o perdi há apenas um momento. Pois o que não é “apenas um momento” quando se começa a usar a memória?
    2. Faz pouco tempo que eu me sentava, como um rapaz, na escola do filósofo Socião[2], há um momento atrás eu comecei a atuar nos tribunais, há um momento atrás eu perdi o desejo de advogar, há um momento atrás que eu perdi a capacidade. Infinitamente rápido é o voo do tempo, como se vê mais claramente quando se olha para trás. Pois quando estamos atentos ao presente, não o percebemos, tão suave é a passagem do tempo ao se avançar.
    3. Você pergunta a razão para isso? Todo o tempo passado está no mesmo lugar; tudo isso apresenta o mesmo aspecto para nós, tudo se mescla. Tudo cai no mesmo abismo. Além disso, um evento que em sua totalidade é ríspido não pode conter longos intervalos. O tempo que passamos na vida não passa de um ponto, nem mesmo de um ponto. Mas este ponto do tempo, infinitesimal como é, a natureza tem zombado por fazê-lo parecer exteriormente de mais longa duração; ela tomou uma porção dele e fez a infância, outra a adolescência, outra a juventude, mais uma inclinação gradual, por assim dizer, da juventude à velhice, e a própria velhice ainda é outra. Quantas etapas para uma subida tão curta!
    4. Foi apenas um momento atrás que eu vi você em sua jornada; e, no entanto, este “momento atrás” constitui uma boa parte de nossa existência, que é tão breve, devemos refletir, que ela logo chegará ao fim completamente. Em outros anos o tempo não me pareceu ir tão rapidamente; agora, parece inacreditavelmente rápido, talvez, porque eu sinta que a linha de chegada está se aproximando, ou pode ser que eu tenha começado a tomar cuidado e contar minhas perdas.
    5. Por esta razão, fico com mais raiva que alguns homens reivindiquem a maior parte deste tempo para coisas supérfluas, tempo que, por mais cuidadoso que sejamos, não é suficiente até mesmo para as coisas necessárias. Cícero declarou que se o número de seus dias fosse dobrado, não teria tempo para ler os poetas líricos. E você pode classificar os dialéticos na mesma classe; mas são tolos de uma forma mais melancólica. Os poetas líricos são abertamente frívolos; mas os dialéticos acreditam que eles próprios estejam empenhados em negócios sérios.
    6. Não nego que se deva lançar um olhar sobre a dialética; mas deve ser um simples olhar, uma espécie de saudação da soleira, simplesmente para não ser enganado, ou julgar que essas atividades contenham quaisquer assuntos ocultos de grande valor. Por que você se atormenta e perde peso por algum problema que seria mais inteligente desprezado do que resolvido? Quando um soldado está tranquilo e viajando em despreocupadamente, ele pode caçar bagatelas ao longo de seu caminho; mas quando o inimigo está se fechando na retaguarda, e um comando é dado para acelerar o ritmo, a necessidade faz ele jogar fora tudo o que ele pegou em momentos de paz e lazer.
    7. Não tenho tempo para investigar inflexões disputadas de palavras, ou para pôr em prática minha astúcia sobre elas.
      Eis os clãs que se aglomeram, os portões fechados, e armas aguçadas prontas para a guerra. [3]
      Preciso de um coração forte para ouvir, sem hesitar, este ruído de batalha que soa em volta.
    8. E todos pensariam, com razão, que eu teria ficado louco se, quando anciãos e mulheres estivessem empilhando pedras para as fortificações, quando os jovens armados frente aos portões esperassem, ou mesmo exigissem, a ordem de um ataque, quando as lanças dos inimigos tremessem em nossos portões e o próprio chão estivesse balançando com minas e passagens subterrâneas, – eu digo, eles pensariam, com razão, que eu teria ficado louco se me sentasse ocioso, colocando enigmas tão insignificantes como este: “O que você não perdeu, você tem. Mas você não perdeu nenhum chifre, portanto, você tem chifres“, ou outros truques construídos segundo o modelo deste bocado de pura bobagem.
    9. E, no entanto, bem posso parecer aos seus olhos não menos louco, se eu gastar minhas energias com esse tipo de coisa; pois mesmo agora estou em estado de sítio. E ainda, no primeiro caso, seria apenas um perigo exterior que me ameaça, e um muro que me separa do inimigo; como é agora, os perigos mortais estão na minha própria presença. Não tenho tempo para essas tolices; um poderoso empreendimento está em minhas mãos. O que eu devo fazer? A morte está em meu caminho, e a vida está fugindo;
    10. Ensine-me algo com que enfrentar estes problemas. Faça ser que eu deixe de tentar escapar da morte, e que a vida possa deixar de escapar de mim. Dê-me coragem para enfrentar dificuldades; me acalme em face do inevitável. Amplie os estreitos limites de tempo que me é atribuído. Mostre-me que o bem na vida não depende do comprimento da vida, mas do uso que fazemos dela; também, que é possível, ou mais comum, que um homem que tenha vivido muito tempo tenha vivido muito pouco. Diga-me quando eu me deitar para dormir: “Você pode não acordar de novo!” E quando eu acordar: “Você não pode ir dormir de novo!” Diga-me quando sair de minha casa: “Não vai voltar!” E quando eu retornar: “Você nunca poderá sair novamente!”
    11. Você está enganado se você pensa que somente em uma viagem marítima há um espaço muito pequeno entre a vida e a morte. Não, a distância entre elas é estreita em todos os lugares. Não é em toda parte que a morte se mostra tão perto; contudo, em todos os lugares ela está tão próxima. Livre-me desses terrores sombrios; então você me entregará mais facilmente a instrução para a qual me preparei. No nosso nascimento, a natureza nos tornou ensináveis, e nos deu razão, não perfeita, mas capaz de ser aperfeiçoada.
    12. Discuta para mim a justiça, o dever, a economia e essa dupla pureza, tanto a pureza que se abstém da pessoa de outrem quanto aquilo que cuida de si mesmo. Se você apenas se recusar a me guiar por caminhos tortuosos, eu alcançarei mais facilmente a meta a que estou visando. Pois, como diz o poema trágico:
      A linguagem da verdade é simples. [4]

Não devemos, portanto, tornar essa linguagem intrincada; uma vez que não há nada menos apropriado para uma alma de grande diligência do que tal astuta esperteza.

Mantenha-se Forte. Mantenha-se Bem.


[1] Provavelmente o local de nascimento de Lucílio.

[2] Socião, o pitagórico. Por suas opiniões sobre vegetarianismo e sua influência para Sêneca, veja carta  CVIII.

[3] Trecho de Eneida de Virgílio.  “Adspice qui coeant populi, quae moenia clusis; Ferrum acuant portis.”

[4] Trecho de As Fenícias de Eurípides. “Veritatis simplex oratio est.

Carta 36: Sobre o Valor da Aposentadoria

Na carta 36 Sêneca discute as vantagens de ser afastar dos negócios e da vida pública, para o que chama de “Otium” um termo abstrato em latim,  que tem uma variedade de significados, incluindo o tempo de lazer em que uma pessoa pode gastar para comer, brincar, descansar, contemplação e esforços acadêmicos.

Estabelece uma antítese no início da carta entre o sucesso popular (felicitas), que seria sucesso na carreira pública, e uma vida de aposentadoria (otium) sendo a segunda a vida ideal . O sucesso popular é instável, já que está sob controle da Fortuna. Além disso, seu efeito sobre aqueles que o recebem não é saudável:

“A prosperidade é uma coisa turbulenta; ela atormenta. Ela agita o cérebro em mais de um sentido, incitando os homens a vários objetivos, alguns para o poder, e outros para a vida luxuosa. Alguns ela enche de orgulho; outros afrouxa e debilita totalmente.” (XXXVI.1)

A escolha entre a vida pública e a aposentadoria(retiro) foi um tema importante para os filósofos antigos, sobre o qual Sêneca escreveu com a experiência de ambos os estilos de vida. É um tópico que ele apresenta em vários de seus diálogos e cartas, inclusive na Carta VIII, já comentada no site.

A aposentadoria está intimamente ligada ao verdadeiro sucesso de Sêneca. Teoricamente, o estado interno de “vida feliz”  é possível, independentemente das circunstâncias externas. Na prática, no entanto, o retiro é uma grande ajuda para o progresso filosófico devido a distância da influência prejudicial da multidão.

Para Sêneca, A Vida Feliz consiste em duas qualidades: Tranquilidade da Mente e Liberdade do Medo (securitas et perpetua tranquillitas).A aposentadoria é uma grande ajuda para alcançar a tranquilidade da mente. A liberdade do medo é alcançada com a aceitação da morte, tema da segunda metade da carta.

A partir do parágrafo 8 Sêneca oferece uma perspectiva científica sobre a morte:

“A o que, então, esse amigo seu dedicará sua atenção? Eu digo, que aprenda o que é útil contra todas as armas, contra todo tipo de inimigo, – o desprezo pela morte;” (XXXVI.8)

Nos parágrafos 10-11, Sêneca convida o leitor a ver nos ciclos cósmicos da natureza uma segurança para encarar a morte calmamente.

“Uma vez que você está destinado a retornar, você deve partir com uma mente tranquila. Perceba como o percurso do universo repete seu curso; você verá que nenhuma estrela em nosso firmamento é extinguida, mas que todas elas surgem e se erguem em alternância. O verão foi embora, mas outro ano o trará de novo;” (XXXVI.11)

No  livro “Das Questões Naturais“, Sêneca coloca o estudo da natureza em um plano superior ao de outros ramos da filosofia: Estudar ciências seria o estudo de Deus já os outros temas seria o estudo dos humanos.

Conclui a carta com uma analogia forte, mostrando que não é racional temer a morte:

“os jovens e os que ficaram loucos, não têm medo da morte, e é muito vergonhoso se a razão não pode nos dar essa paz de espírito que é trazida pela loucura.”(XXXVI.12)

(imagem:  Alegoria da Fortuna, por Salvator Rosa)

 


XXXVI. Sobre o Valor da Aposentadoria

Saudações de Sêneca a Lucílio.

  1. Incentive seu amigo a desprezar corajosamente aqueles que o censuram porque ele procurou a sombra da aposentadoria e abdicou de sua carreira de honras, e, embora pudesse ter alcançado mais, preferiu a tranquilidade. Deixe-o provar diariamente a estes detratores como sabiamente ele defendeu seus próprios interesses. Aqueles que são invejados pelos homens passam ao largo; alguns serão empurrados para fora de sua posição social, e outros cairão. A prosperidade é uma coisa turbulenta; ela atormenta. Ela agita o cérebro em mais de um sentido, incitando os homens a vários objetivos, alguns para o poder, e outros para a vida luxuosa. Alguns ela enche de orgulho; outros afrouxa e debilita totalmente.
  2. “Mas”, diz a réplica, “Fulano conduz bem a sua prosperidade”. Sim; assim como ele controla sua bebida. Então você precisa não deixar que essa classe de homens o persuada que aquele que é sitiado pela multidão é feliz; a multidão corre para ele como correm para uma lagoa de água, tornando-a lamacenta enquanto a drenam. Mas você diz: “Os homens chamam nosso amigo de insignificante e preguiçoso“. Há homens, você sabe, cujo discurso é oblíquo, que usam termos contraditórios. Eles o chamavam de feliz; e daí? Ele era feliz?
  3. Mesmo o fato de que a algumas pessoas ele se pareça a um homem de mente muito áspera e sombria, não me incomoda. Aristo[2] costumava dizer que preferia um jovem sisudo a um homem jovial e agradável à multidão. “Pois“, acrescentava, “vinho que, quando novo, parecia áspero e azedo, torna-se bom vinho, mas o que provou bem na vindima pode não suportar a idade.” Então, que eles o chamem de severo e inimigo de seu próprio progresso, é essa severidade que irá bem quando envelhecer, desde que continue a apreciar a virtude e a absorver completamente os estudos que faz para a cultura – não aqueles suficientes para que um homem se borrife, mas aqueles em que a mente deve ser mergulhada.
  4. Agora é a hora de aprender. “O que? Há alguma época em que um homem não deva aprender?” De jeito nenhum; mas assim como é meritório para todas as idades estudar, não é meritório para todas as idades ser instruído. Um homem velho que aprende seu ABC é uma coisa vergonhosa e absurda; o jovem deve armazenar, o velho deve usar. Você, portanto, estará fazendo uma coisa mais útil para si mesmo se você fizer este amigo seu um homem tão bom quanto possível; essas bondades, dizem eles, devem ser buscadas e concedidas, pois beneficiam ao doador não menos que ao receptor; e elas são, sem dúvida, as melhores.
  5. Finalmente, não tem mais nenhuma liberdade no assunto, aquele que empenhou sua palavra. E é menos vergonhoso renegociar com um credor do que renegociar com um futuro promissor. Para pagar sua dívida de dinheiro, o homem de negócios deve ter uma viagem lucrativa, o agricultor deve ter campos frutíferos e bom tempo, mas a dívida que seu amigo deve pode ser completamente paga por mera boa vontade.
  6. A fortuna não tem jurisdição sobre o caráter. Permita regular seu caráter de modo que em perfeita paz possa trazer à perfeição aquele espírito que não sente perda nem ganho, mas que permanece na mesma atitude, não importa como as coisas se dão. Um espírito como este, se agraciado com bens mundanos, se eleva à sua riqueza; se, por outro lado, o acaso o despoja de uma parte de sua riqueza, ou mesmo de tudo, não é prejudicado.
  7. Se seu amigo tivesse nascido no Império Parta, ele teria começado, quando criança, a dobrar o arco; se na Alemanha, estaria brandindo a sua esguia lança; se ele tivesse nascido nos dias de nossos antepassados, ele teria aprendido a montar um cavalo e a castigar seu inimigo mão a mão. Estas são as ocupações que o sistema de cada estirpe recomenda ao indivíduo, – sim, prescreve a ele.
  8. A o que, então, esse amigo seu dedicará sua atenção? Eu digo, que aprenda o que é útil contra todas as armas, contra todo tipo de inimigo, – o desprezo pela morte; porque ninguém duvida que a morte tenha em si algo que inspire o terror, de modo que choca até mesmo nossas almas, que a natureza as moldou para que amem sua própria existência; pois de outro modo não haveria necessidade de nos preparar, e de aguçar nossa coragem, para encarar o que deveria ser uma espécie de instinto voluntário, precisamente da mesma forma como todos os homens tendem a preservar sua existência.
  9. Nenhum homem aprende uma coisa a fim de que, se a necessidade surgir, ele possa se deitar sobre um leito de rosas; mas ele prepara sua coragem para este fim, para que não entregue sua fé à tortura, e que, se necessário, possa algum dia ficar de guarda nas trincheiras, mesmo ferido, sem se apoiar na sua lança; porque o sono é capaz de rastejar sobre os homens que se sustentam por qualquer suporte. Na morte não há nada prejudicial; pois deve existir algo a que ela é prejudicial[3].
  10. E ainda, se você está possuído por tão grande desejo de uma vida mais longa, reflita que nenhum dos objetos que desaparecem do nosso olhar e são reabsorvidos no mundo das coisas, de onde eles surgem e em breve irão ressurgir, é aniquilado; eles simplesmente terminam o seu curso e não perecem. E a morte, de que tememos e nos afastamos, simplesmente interrompe a vida, mas não a rouba; o tempo voltará quando seremos restaurados à luz do dia; e muitos homens opor-se-iam a isso, se não fossem trazidos de volta tendo esquecido o passado.
  11. Mas quero mostrar-lhe mais tarde, com mais cuidado, que tudo o que parece perecer apenas muda. Uma vez que você está destinado a retornar, você deve partir com uma mente tranquila. Perceba como o percurso do universo repete seu curso; você verá que nenhuma estrela em nosso firmamento é extinguida, mas que todas elas surgem e se erguem em alternância. O verão foi embora, mas outro ano o trará de novo; O inverno está baixo, mas será restaurado por seus próprios meses; A noite dominou o sol, mas o dia logo derrubará a noite outra vez. As estrelas nômadas retraçam seus cursos anteriores; uma parte do céu está em ascensão incessantemente, e uma parte está afundando.
  12. Uma palavra mais, e então vou parar; os meninos, os jovens e os que ficaram loucos, não têm medo da morte, e é muito vergonhoso se a razão não pode nos dar essa paz de espírito que é trazida pela loucura.

Mantenha-se Forte. Mantenha-se Bem.

[2] Aríston ou Aristo de Quios foi um filósofo estoico e discípulo de Zenão de Cítio. Esboçou um sistema de filosofia estoica que esteve, em muitos aspectos, mais próximo da anterior filosofia cínica. Rejeitou o lado lógico e físico da filosofia aprovada por Zenão e enfatizou a ética.

[3] Como depois da morte, nós não existimos, a morte não pode ser prejudicial para nós. Sêneca tem em mente o argumento de Epicuro: “Portanto, o mais pavoroso de todos os males, a morte, não é nada para nós, pois quando nós existimos, a morte não está presente para nós, e quando a morte está presente, então não existimos. Portanto, não diz respeito aos vivos ou aos mortos, pois para os vivos não tem existência, e para os mortos não existe. “

Carta 30: Sobre Conquistar o Conquistador (a morte)

Sêneca mais uma vez volta a abordar a morte e como encará-la, dessa vez ilustrando seus ensinamentos com o caso real de Aufidius Bassus historiador romano contemporâneo de seu pai (Sêneca, o Velho).

Bassus está muito idoso e fraco, porém lúcido e corajoso frente a morte: “A filosofia nos concede essa dádiva; faz-nos alegres na própria visão da morte, fortes e corajosos embora o corpo nos falhe” (XXX, 2)

Na sequência Sêneca defende a ordem natural: “é tão tolo temer a morte quanto temer a velhice; pois a morte segue a velhice exatamente como a velhice segue a juventude. Aquele que não deseja morrer não pode ter desejado viver. Pois a vida nos é concedida com a condição de que morreremos” (XXX,10)

Termina a carta com seu frequente bom humor e final marcante:

“Mas o que eu realmente deveria temer é que você odeie esta longa carta mais do que a própria morte; então eu vou concluir. Você, entretanto, sempre pense na morte para que nunca precise temê-la.” (XXX, 18)

(imagem, Sarcófago de Junius Bassus, Museu do Tesouro de São Pedro, Vaticano)


XXX. Sobre Conquistar o Conquistador (a morte)

Saudações de Sêneca a Lucílio.

  1. Eu vi Aufidio Baso[1], aquele homem nobre, com saúde aquebrantada e lutando com seus anos. Mas eles já pesam tanto sobre ele que não pode se levantar; a velhice se assentou sobre ele, – sim, com todo o seu peso. Você sabe que seu corpo sempre foi delicado e sem vigor. Por muito tempo ele manteve a saúde na mão, ou, para falar mais corretamente, equilibrou-a; de repente, desmoronou.
  2. Assim como em um navio que faz água, você sempre pode parar a primeira ou a segunda fissura, mas quando muitos buracos começam a abrir e deixar entrar a água, o casco decrépito não pode ser salvo; da mesma forma, no corpo de um velho, há um certo limite até o qual você pode sustentar e escorar sua fraqueza. Mas quando começa a se assemelhar a um edifício em ruinas, quando cada articulação começa a espanar e enquanto uma está sendo reparada outra cai, – então é hora de um homem olhar em volta e considerar como pode sair.
  3. Mas a mente de nosso amigo Baso é ativa. A filosofia nos concede essa dádiva; faz-nos alegres na própria visão da morte, fortes e corajosos embora o corpo nos falhe. Um grande piloto pode navegar mesmo quando sua vela é rasgada; se seu navio for desmantelado, ele ainda pode arrumar o que resta do seu casco e segurá-lo ao seu curso. É isso que o nosso amigo Baso está fazendo; e ele contempla seu próprio fim com a coragem e a compostura que você consideraria apatia indevida em um homem que assim contemplasse o outro.
  4. Este é um grande feito, Lucílio, e um que necessita longa prática para se aprender, – partir calmamente quando a hora inevitável chega. Outros tipos de morte contêm um ingrediente de esperança: uma doença chega ao fim; um fogo é extinguido; as casas em ruina depositaram em segurança aqueles que pareciam certos de serem esmagados; O mar devolveu ilesos a costa aqueles a quem tinha engolido, com a mesma força pela qual os dragou; O soldado retraiu sua espada do pescoço de seu inimigo condenado. Mas aqueles a quem a velhice está levando para a morte não têm nada a esperar; a velhice por si só não concede nenhuma prorrogação. Nenhum final, é claro, é mais indolor; mas não há nenhum mais persistente.
  5. Nosso amigo Baso me pareceu assistir a seu próprio funeral, e ter seu próprio corpo para o enterro, e vivendo quase como se tivesse sobrevivido a sua própria morte, e suportando com resignação sábia seu pesar por sua própria partida. Pois ele fala livremente sobre a morte, tentando persuadir-nos de que, se este processo contém qualquer elemento de desconforto ou de medo, é culpa do moribundo, e não da própria morte; também, que não há mais aborrecimento no momento atual do que existe depois que acabou.
  6. “E é tão insano”, acrescenta, “para um homem temer o que não lhe acontecerá, como temer o que ele não sentirá se acontecer”. Ou será que alguém imagina que é possível que o agente pelo qual o sentimento é removido possa ser sentido? “Portanto,” diz Baso, “a morte está tão além de todo o mal que está além de todo o medo do mal.”
  7. Sei que tudo isso tem sido dito muitas vezes e deverá ser repetido muitas vezes ainda; mas nem quando os liam eram tais preceitos tão eficazes, nem quando os ouvia dos lábios daqueles que estavam a uma distância segura do medo das coisas que eles declaravam não deveriam ser temidas. Mas esse velho homem teve o maior impacto em mim quando falou da morte e a morte estava próxima.
  8. Pois devo dizer-lhe o que penso: Eu sustento que alguém é mais corajoso no próprio momento da morte do que quando se aproxima da morte. Pois a morte, quando está perto de nós, dá até aos homens inexperientes a coragem de não procurar evitar o inevitável. Assim, o gladiador, que, não importa o quão covarde foi durante toda a luta, oferece a sua garganta ao seu adversário e direciona a lâmina vacilante para o local vital. Mas um fim que está próximo, e que está prestes a vir, requer coragem obstinada da alma; isto é uma coisa mais rara, e ninguém, a não ser o homem sábio, pode manifestar.
  9. Portanto, eu escutei Baso com o mais profundo prazer; ele estava lançando seu voto sobre a morte e apontando sua natureza quando observada, por assim dizer, mais próximo à mão. Suponho que um homem teria a sua confiança em um grau maior, e teria mais credibilidade, se ele tivesse voltado à vida e pudesse declarar de experiência própria que não há mal na morte; e assim, com respeito à aproximação da morte, estes dirão com maior propriedade qual inquietação traz quem esteve em seu caminho, que a viram vindo e a receberam.
  10. O Baso pode ser incluído entre estes homens; e ele não quer nos enganar. Ele diz que é tão tolo temer a morte quanto temer a velhice; pois a morte segue a velhice exatamente como a velhice segue a juventude. Aquele que não deseja morrer não pode ter desejado viver. Pois a vida nos é concedida com a condição de que morreremos; para este fim nos leva nosso caminho. Portanto, quão tolo é temê-la, já que os homens simplesmente esperam o que é certo, mas temem apenas o que é incerto!
  11. A morte tem sua regra fixa, – equitativa e inevitável. Quem pode reclamar quando é governado por cláusulas que válidas a todos? A parte principal da equidade, entretanto, é igualdade. Mas é supérfluo neste momento presente defender a causa da Natureza; pois deseja que nossas leis sejam idênticas às suas; ela decide o que ela compôs, e compõe novamente o que ela decidiu.
  12. Além disso, se um homem tiver a sorte de ser colocado suavemente à deriva pela velhice, – e não subitamente arrancado da vida, mas retirado pouco a pouco, oh, em verdade, ele deve agradecer aos deuses, um e todos, porque, depois de ter tido a sua plenitude, ele é levado a um descanso estabelecido para a humanidade, um descanso que é bem-vindo ao cansado. Você pode observar certos homens que anseiam pela morte ainda mais fervorosamente do que outros costumam mendigar por vida. E não sei qual destes homens nos dá maior coragem, aqueles que exigem a morte ou aqueles que a encontram alegre e tranquilamente, pois a primeira atitude é às vezes inspirada pela loucura e pela repentina raiva; a segunda é a calma que resulta de julgamento firme. Antigamente homens encontravam-se com a morte com um ataque de raiva; mas quando a morte vem ao seu encontro, ninguém a recebe com alegria, exceto o homem que há muito tempo se preparou para a morte.
  13. Admito, portanto, que visitei com mais frequência esse meu querido amigo com muitos pretextos, mas com o propósito de saber se eu o encontraria sempre o mesmo, e se sua força mental talvez estivesse diminuindo em paralelo as competências de seu corpo. Mas estava aumentando, assim como a alegria do jóquei costuma mostrar-se mais claramente quando está na sétima rodada da prova, e se aproxima do prêmio.
  14. De fato, ele dizia com frequência, em harmonia com os conselhos de Epicuro: “Espero, antes de tudo, que não haja dor no momento em que um homem expira, mas se houver, encontrar-se-á um elemento de conforto em sua própria brevidade, pois nenhuma grande dor dura por muito tempo e, em todo caso, um homem encontrará alívio no momento em que alma e corpo estão sendo separados, mesmo que o processo seja acompanhado de dor terrível, no pensamento de que depois que a dor acabar, não pode sentir mais dor. Mas tenho certeza de que a alma de um velho está em seus lábios e que só é necessária uma pequena força para desprendê-la do corpo. Fogo que tenha capturado uma construção que o sustente precisa de água para ser apagado, ou, às vezes, a destruição do próprio edifício, mas o fogo em que falta sustento de combustível morre de si mesmo.”
  15. Fico feliz em ouvir essas palavras, meu caro Lucílio, não tão novas para mim, mas como me levando à presença de um fato real. E o que então? Não vi muitos homens romperem o fio da vida? Eu realmente vi esses homens; mas aqueles que têm mais influência em mim se aproximam da morte sem qualquer ódio pela vida, dando passagem à morte, por assim dizer, e não a puxando para eles.
  16. Baso sempre dizia: “É por nossa própria culpa que sentimos essa tortura, porque nos tememos pela morte somente quando acreditamos que nosso fim está próximo”. Mas quem não está perto da morte? Ela está pronta para nós em todos os lugares e em todos os momentos. “Consideremos”, continuou ele, “quando algum agente da morte parece iminente, quão mais próximos estão outras variedades de morrer do que aquelas temidas por nós”.
  17. Um homem é ameaçado por um inimigo, mas esta forma de morte é antecipada por um ataque de indigestão. E se estamos dispostos a examinar criticamente as várias causas do nosso medo, descobriremos que algumas existem, e outras só parecem existir. Não temamos a morte; temamos o pensamento da morte. Pois a morte está sempre a mesma distância de nós; portanto, se é para ser temida absolutamente, é para ser temida sempre. Pois qual estação de nossa vida é isenta da morte?
  18. Mas o que eu realmente deveria temer é que você odeie esta longa carta mais do que a própria morte; então eu vou concluir. Você, entretanto, sempre pense na morte para que nunca precise temê-la.

Mantenha-se Forte. Mantenha-se Bem.

[1] Aufidius Bassus foi um historiador romano que viveu no reinado de Tibério. Sua obra, foi continuada por Plínio. Sêneca, o Velho, (pai do nosso Sêneca) fala muito de Bassus como historiador.

Pensamento do Dia #29: “A vida, se você souber usá-la, é longa”

Não é que tenhamos um curto espaço de tempo, mas que desperdiçamos muito dele. A vida é longa o suficiente, e foi dada em medida suficientemente generosa para permitir a realização das maiores coisas, se a totalidade dela estiver bem investida. Mas quando é desperdiçada em luxo e descuido, quando é dedicada um fim inútil, forçada, finalmente, pela necessidade final, percebemos que já passou antes que estivéssemos conscientes de que estava passando. Assim é – a vida que recebemos não é curta, mas nós a assim fazemos, nem somos dela carentes, mas esbanjadores. Assim como a riqueza grandiosa é esbanjada no momento em que chega às mãos de um mau dono, já a riqueza, por mais limitada que seja, quando confiada a um bom guardião, aumenta, assim também a vida é amplamente longa para aquele que sabe dela bem dispor.  (Sêneca – Sobre a Brevidade da Vida-1 )

(Imagem Morte de Cesar por Vincenzo Camuccini)

 


Consolação a Minha Mãe Hélvia

No ano 41, Sêneca foi condenado ao exílio pelo imperador Cláudio por um alegado caso com a irmã do imperador Calígula. A acusação provavelmente foi inventada por uma vingança pessoal. Pouco antes ele havia sido condenado à morte e posteriormente perdoado pelo anterior imperador, o louco Calígula. Do exílio ele escreveu uma de suas obras mais extraordinárias – a carta Consolação a Minha Mãe Hélvia.

Hélvia era uma mulher cuja vida tinha sido marcada por uma perda inimaginável – sua própria mãe havia morrido enquanto ela a nascera, e ela enterrou seu marido, seu tio amado e três de seus netos. Vinte dias depois que um de seus netos – o próprio filho de Sêneca – morrera em seus braços, Hélvia recebeu notícias de que Sêneca fora levado para a Córsega, condenado à vida no exílio.

Em vez de meras palavras, Sêneca produz uma obra-prima retórica, trazendo a essência da filosofia do Estoicismo, com partes iguais de lógica e estilo literário. “Todas as suas dores foram desperdiçadas se você ainda não aprendeu a sofrer“.

Sêneca faz uma sólida defesa do mecanismo de auto-proteção mais poderoso da vida – a disciplina de não tomar nada por certo:

Nunca me entreguei à fortuna, mesmo quando parecia que estava em paz comigo; todos os favores, dos quais muito generosamente me cercava (riquezas, cargos, prestígio), coloquei-os em tal lugar de onde a mesma fortuna pudesse retomá-los, sem me aborrecer. Deixei sempre grande distância entre mim e eles: tirou-me os favores, portanto, não os arrancou. A fortuna contrária não diminui senão os homens que se deixaram enganar pela prosperidade.

Os homens que se agarram a seus presentes como a coisas das quais tem perpétua propriedade, e que por eles querem ser invejados pelos outros, jazem prostrados e aflitos, quando os deleites falsos e fugazes abandonam sua alma vil e pueril, que ignora qualquer prazer real; mas quem na prosperidade não se orgulhou, não se abala se as coisas mudam.

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Pensamento do Dia #18: Sobre o medo natural da morte

Em comemoração aos 300 seguidores que a Página O Estoico atingiu hoje no Facebook o Pensamento do Dia é baseado na Carta 82 na qual Sêneca cita os 300 de Esparta.

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Eu classifico como “indiferente” – ou seja, nem o bem nem o mal – a doença, a dor, a pobreza, o exílio e a morte. Nenhuma dessas coisas é intrinsecamente gloriosa. Pois não é a pobreza que louvamos, é o homem a quem a pobreza não pode humilhar ou dobrar. Nem é o exílio que louvamos, é o homem que se retira para o exílio no espírito em que teria enviado outro para o exílio. Não é a dor que louvamos, é o homem a quem a dor não coagiu. Ninguém elogia a morte, mas o homem cuja alma a morte tira antes que possa amaldiçoa-la. (…)

Eu aponto os espartanos em guarda no próprio desfiladeiro das Termópilas![1] Eles não têm esperança de vitória, nenhuma esperança de retornar. Mas pegue Leônidas: quão bravamente ele discursou aos seus homens! Ele disse: “Companheiros, vamos ao nosso café da manhã, sabendo que vamos jantar no Hades[2]!”

Não são os 300, é toda a humanidade que deve ser aliviada do medo da morte. Mas como você pode provar a todos aqueles homens que a morte não é nenhum mal?

(Sêneca, Carta82. Sobre o medo natural da morte – Imagem Leonidas nas Termópilas por Jacques-Louis David. ) Carta completa no Volume II.

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[1] Hades na mitologia grega, é o deus do mundo inferior e dos mortos. Seu nome era usado frequentemente para designar tanto o deus quanto o reino que governa, nos subterrâneos da Terra.

[2] A Batalha das Termópilas foi travada no contexto da Segunda Guerra Médica entre uma aliança de cidades gregas lideradas pelo rei de Esparta Leônidas I e o Império Aquemênida de Xerxes I. A batalha durou três dias e se desenrolou no desfiladeiro das Termópilas em agosto ou setembro de 480a.C.

 

Pensamento do Dia #17: Você é apenas um Filtro

Você sabe o sabor do vinho e dos licores. Não faz diferença se centenas ou milhares de medidas passam por sua bexiga; você não é nada senão um filtro. Você é conhecedor do sabor da ostra e do salmonete; o seu luxo não deixou nada a ser desbravado em anos vindouros; e ainda assim estas são as coisas das quais você é arrancado involuntariamente. O que mais você lamentaria ser retirado de você?

Não há vida que não seja curta.  É com a vida como é com uma peça de teatro, – não importa por quanto tempo a ação é tecida, mas quão boa é a atuação.

(Sêneca, Carta 78, Sobre Tomar a própria vida )

Carta completa no Volume II.

Pensamento do Dia #3: (Sobre medos infundados, 5)

Algumas coisas nos atormentam mais do que deveriam; algumas nos atormentam antes do que deveriam; e algumas nos atormentam quando não deveriam nos atormentar. Temos o hábito de exagerar, imaginar, antecipar, a tristeza. A primeira dessas três faltas pode ser adiada no momento, porque o assunto está em discussão e o caso ainda está no tribunal, por assim dizer. O que eu chamo de insignificante, você considerará a ser mais grave; pois é claro que eu sei que alguns homens riem enquanto são açoitados, e que outros estremecem com um tapa orelha. Consideraremos mais tarde se esses males derivam seu poder de sua própria força ou de nossa própria fraqueza.

(Sêneca, Sobre medos infundados, 5) (Imagem: O Grito – por Munch)

Pensamento do Dia #2: (Sobre a Velhice, 6-7)

A Morte, no entanto, deve ser olhada no rosto por jovens e velhos. Nós não somos convocados de acordo com nossa idade. Além disso, ninguém é tão velho que seria impróprio esperar mais um outro dia de existência. E um dia, lembre-se, é uma etapa na jornada da vida. Nosso escopo de vida é dividido em partes; consiste em grandes círculos que encerram menores. O menor círculo de todos é o dia; mas mesmo um dia tem seu começo e seu término, seu nascer e seu pôr-do-sol.

Portanto, todos os dias deveriam ser regulados como se fechassem a série, como se estivessem completando nossa existência. Quando um homem diz: “Eu tenho vivido!” toda manhã que acorda, recebe um bônus.

(Sêneca, Sobre a Velhice, 6-7) (Imagem: Morte de Sêneca – por David)