Sobre o Ócio subsiste em um estado fragmentado. O trabalho diz respeito ao uso racional do tempo livre, pelo qual se pode ainda ajudar ativamente a humanidade engajando-se em questões mais amplas sobre a natureza e o universo. O texto do manuscrito começa na metade da frase e termina de forma bastante abrupta. O título do ensaio, De Otio, é conhecido a partir do índice.
Quase 2000 anos antes de Domenico De Masi, o Ócio Criativo já era defendido por Sêneca, que interpreta a palavra “otio” como representando algo mais do que tempo livre ou lazer. Entendia-o como sendo o lazer utilizado a serviço da comunidade pela atividade intelectual:
“O dever do homem é ser útil aos seus semelhantes; se possível, ser útil a muitos deles; se assim não conseguir, ser útil a uns poucos; se assim não for, ser útil aos seus vizinhos e, se assim não for, a si mesmo: pois, quando ajuda os outros, faz progredir os interesses gerais da humanidade.” (III, 5)
Em Sobre o Ócio Sêneca debate a vida apropriada para um filósofo estoico. Sêneca relata a posição padrão da escola de que os sábios se envolverão em assuntos públicos, a menos que algo os impeça. Enumera alguns argumentos contra o engajamento na vida pública, como se o estado for muito corrupto, ou se a influência do sábio for muito limitada, ou se ainda ele está com saúde debilitada.
Explica as posições dos fundadores do estoicismo Zenão, Cleantes e Crísipo fazendo um forte contraste com os ensinamentos de Epicuro:
“As duas correntes filosóficas, a dos Epicuristas e a dos Estoicos, diferem muito na maioria dos aspectos e, neste ponto, entre os demais, no entanto, cada uma delas nos encaminha para o ócio, embora por um caminho diferente. Epicuro diz: “O sábio não participará da política, exceto em alguma ocasião especial”; Zenão diz: “O sábio participará da política, a menos que seja impedido por alguma circunstância especial”” (III, 3)
O sábio deve optar por se envolver com o universo mais amplo: movendo suas ações da perspectiva local para a perspectiva cósmica e se estudar as questões fundamentais do universo de maneira a ajudar toda a humanidade.
No fundo, o ócio, para o filósofo, não é apenas uma questão de ter tempo para descansar e realizar atividades relaxantes. É um aspecto crucial da própria vida, sem o qual não temos tempo nem energia para pensar, sendo assim forçados pelas circunstâncias a viver uma vida menos útil e realizadora do que de outra forma.
É dirigido ao seu amigo Aneu Sereno e foi escrito, provavelmente, no ano 62, sendo um dos três diálogos endereçados a Sereno, que também inclui “Sobre a tranquilidade da alma” e “Sobre a Constância do Sábio”. O diálogo, em traduções antigas, foi nomeado “Da vida retirada”.
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